A RECREAÇÃO E A ATIVIDADE FÍSICA NO CONTEXTO
ESCOLAR COMO FORMA DE PREVENÇÃO ÀS DROGAS.
A nossa sociedade convive nos dias atuais com
um estigma avassalador denominado drogas, que contaminam e se alastram numa
proporção potencializada, comprometendo as nossas promessas reais de renovação
e desenvolvimento social, que são os nossos jovens, hoje revestidos de
juventude, interatividade, capacidade, viço, inovação, e, ao inserir-se nas
drogas, poucos meses depois esses mesmos jovens encontram-se escravizados e
mutilados pela ação danosa que as drogas agregam no seu psicológico,
transformando-os em pessoas traumatizadas e estigmatizadas.
Em muito se alardeia sobre a prevenção
primária (aquela que visa impedir que os jovens venham a experimentar as
drogas), ou mesmo a prevenção secundária (que trabalha no sentido de que os
jovens usuários de drogas não venham a se tornar dependentes químicos), porém o
trabalho (ainda pífio) concentra-se mais na prevenção terciária (que tenta
resgatar os dependentes químicos à
condição de recuperados), exaurindo nessa trajetória muitos dos
elementos essenciais à composição de uma sociedade rica e questionadora, que é
o seu viço inovador, advindos da juventude focada no social.
Destina-se às famílias a tarefa da prevenção
primária, por ser o primeiro e mais restrito grupo social que compõe a vida
social da criança ou do adolescente, competindo à elas a função dos
direcionamentos e esclarecimentos no tocante aos cuidados, acompanhamentos e orientações
claras e precisas, objetivando manter os filhos longe das drogas. Mas nada se
concretiza relacionado à preparação e esclarecimentos à essas referidas
famílias, sobre as peculiaridades dos parâmetros que levam os jovens a inserirem-se
nesse contexto perigoso, e muitas famílias, para sanar essa parte deficitária
do conhecimento, ocultam-se na sombra da opressão agressiva ou do liberalismo
exacerbado.
E o referido despreparo familiar incide na
ocorrência da prevenção primária tardia, devido ao bloqueio sofrido pela
família, em não engajar em diálogos pais/filhos de forma tranquila e sincera.
Devido a esse bloqueio, o tópico “drogas” é constantemente adiado, por achar
não ser ainda o momento propício, deixando para abordar tal tema somente quando
os jovens principiam o diálogo ou mencionam a ocorrência. Infelizmente muitos
filhos falam tardiamente com a família sobre as drogas, e outros, (pior ainda),
nem chegam a comentar, temendo represálias e cerceamento da sua liberdade
social, principalmente na sua fonte de prazer atual – nas drogas.
Muitos são os motivos da iniciação dos jovens
às drogas: a sua curiosidade peculiar, a insatisfação pessoal dele com relação
às suas posturas perante os pares (insegurança, timidez); ao seu deslumbramento
com a entrada num novo ciclo de amizades; a auto confiança nata propícia da
idade que lhe agrega a certeza de que é capaz de resistir somente à experimentação;
ao desejo de substituir a sua realidade doméstica muitas vezes insatisfatória
(permeada de opressões ou agressões) pela alegria temporária e perniciosa das
sensações inebriantes das drogas.
Outro parâmetro a ser levado em conta é a
capacidade aliciadora dos “amigos” inescrupulosos, onde a sua habilidade de
convencimento supera às orientações adquiridas na família, pois o “diálogo” desse
aliciador é permeado de promessas de prazer e quebra de rotinas, e devido à
condição da personalidade ainda em formação desse jovem “alvo”, a conquista
ocorre de forma suave e lúdica, no trâmite entre a sobriedade e a dependência, porque foi empregado duas formas
de conquistas propícia à idade: a novidade e o prazer.
Os aliciadores inserem-se na vivência
rotineira desses “alvos”, deles se aproximando com a máscara da normalidade e a
lábia do “palhaço encantador”, onde o riso fácil e a convivência aparentemente
tranquila esconde o risco do aliciamento e da experimentação, na forma gratuita
do brinde desinteressado. O ato de viciar é somente mais um investimento que o
tráfico utiliza, formando futuros consumidores contumazes, que posteriormente
tudo farão para manter o vício, plantado de forma calculada e insidiosa.
Todos os jovens são possíveis vítimas em
potencial, porém esse ardil visa principalmente os jovens sociáveis, com
características de líderes, onde a sua socialização poderá arrebanhar outros
que o seguirão também rumo à drogadição, após a sua migração para o “outro
lado”, o lado das drogas. Àqueles jovens tímidos e inseguros também são presas
fáceis, pela facilidade de convencimento e pela sua insatisfação perante à sua
condição social menosprezada pelos pares, por ser um “apagado” ou rejeitado
social no seu mundo adolescente, com a promessa de superação àquilo que o inibe
e o incomoda.
A escola torna-se o ambiente propício para o
trabalho da prevenção, através do lazer e das atividades físicas, em uma
matéria de suma importância para os jovens no limiar do seu desenvolvimento,
que é a Educação Física. Tal matéria impulsionam os alunos a direcionarem suas
energias acumuladas, acrescidos dos hormônios em constante ebulição, no
envolvimento físico e psicológico do lúdico e da competição que ambos (lazer e
atividades físicas) proporcionam ao corpo e à mente, bloqueando ou amenizando
as possibilidades dos jovens buscarem ocupar o seu tempo ocioso no uso
licencioso das drogas.
Conceitualiza-se que a escola é o espaço
geográfico(?) destinado a transmitir conhecimentos, desenvolver o potencial
cognitivo e socializar a criança e o adolescente, num papel conjunto com os
pais, para a sua maturação psicológica, preparando-o para a escolha a uma
profissão e para o seu desenvolvimento, num contexto geral, nessa trajetória
entre a adolescência e a idade adulta. Esse período transitório é a fase mais
importante desse ser, pois esse período é onde se solidifica os seus valores
éticos e morais, e a sua personalidade se consolida, formando os parâmetros que
o nortearão vida afora, como um ser social, produtivo e consciente das suas
potencialidades.
Analisa-se que o desenvolvimento de um aluno
é uma construção progressiva, que se inicia em tenra idade, e quanto mais cedo
se inicia essa construção intelectual, mais arraigado fica na sua memória, e é
nesta fase inicial da vida que há maior probabilidade de inserir conceitos e
fazê-los adquirir o hábito do pensamento e, consequentemente, de raciocínio
lógico. P Percebe-se que a mente da criança e do adolescente, pela pouca
experiência de vida, está sempre apta a receber informações, quer sejam boas ou
más. Tudo ela aceita, e dependendo da intensidade das emoções, o registro se
torna conhecimento definitivo e profundo (Registro Automático da Memória –
RAM), (Catania, 1999 p.347) e que se tornará importante entre os registros que
nortearão toda a sua vida adulta, com qualidade e inteligência.
TAVARESA (2004), em análise à pesquisa com
jovens que apresentaram problemas devido ao uso de drogas, nos confirma que, no
tocante ao relacionamento deles com seus pais, apresentaram insatisfação no
relacionamento familiar,
O uso mais elevado de drogas apareceu tanto
entre os jovens que referiram um relacionamento ruim ou péssimo com o pai
quanto com a mãe, sendo quase três vezes mais elevado naqueles que tinham mau
relacionamento com a mãe. Estudos em outros países encontraram associação do
uso de drogas onde ocorria o maior distanciamento afetivo entre o jovem e a
família. A qualidade do relacionamento familiar também foi identificada como
fator associado ao uso de drogas numa amostra nacional de estudantes
brasileiros. Mau relacionamento com os pais poderia predispor ao maior uso de
drogas. Porém, o próprio uso de drogas pode acarretar alterações de
comportamento que levem a dificuldades de relacionamento do jovem com a
família.
Tais afirmações vêm confirmar o fato de que
relacionamentos instáveis e traumáticos entre os adolescentes e a família,
impulsiona-os ao uso abusivo de drogas psicotrópicas, como forma compensatória (no
entender dos jovens) aos distúrbios vivenciados em família. A disparidade
apresentada com relação ao adolescente e a genitora (quase três vezes mais) em
comparação com o pai, nos maus relacionamentos que contribuíram para o uso
abusivo de drogas, entende-se tal comportamento, devido a mãe ser sempre o
sustentáculo afetivo no relacionamento familiar, e quando esse encontra-se
desestabilizado, os jovens tornam-se seres fragilizados. Essa fragilização,
permutado com as instabilidades emocionais propícia da fase adolescente,
torna-os propensos ao uso de drogas.
Adolescentes que consideravam o pai liberal
também relataram maior uso de drogas em comparação aos que consideravam o pai
moderado ou autoritário. A forma como a liberdade é concedida assume especial
relevância para a conquista da maturidade. Muitas vezes, incompreensão e
rejeição se encontram mascaradas debaixo da concessão de uma excessiva
liberdade que o adolescente vive como abandono, e que o é na realidade. No México, estudo constatou que percentual
significativamente maior de estudantes não usuários de drogas referia que os
pais tinham regras claras sobre uso de bebidas alcoólicas e consideravam
importante seguir orientação dos pais e cumprir as regras estabelecidas por
eles. (Idem).
Todo excesso é prejudicial, em qualquer parâmetro
da vida, e com relação à educação ao filhos adolescentes, a afirmação também é
verdadeira. Os jovens necessitam vivenciar um certo controle nas suas atitudes,
como forma de direcionamento e influência, para que a sua trajetória para o
amadurecimento não ocorra sob o prisma da liberdade desassistida. A forma
aberta e sem subterfúgios nas normas familiares ajudam os jovens a entender o
que deles se esperam, tornando o relacionamento entre ambos (pais e filhos)
alicerçados no respeito e na tranquilidade, pois as normas de hoje serão as
mesmas de amanhã, salvo raras exceções.
A FUNÇÃO DO DOCENTE FRENTE AOS DESAFIOS DE
FORMAR CIDADÃOS.
Destina-se aos docentes a função de ensinar
desde o bê a bá ao teorema de Pitágoras, até a condição de socializador e
orientador das crianças e adolescentes, frente aos desafios da convivência com
os pares. Esse desempenho excedente lhes é imputado pela ideia (aceitável) de que a sua capacidade de orientação
seja similar (e muitas vezes superior) à capacidade dos pais, pelo seu (amplo?)
conhecimento, e sua condição de orientador nato. Ele pertence à segunda
sociedade de fato que o jovem venha a fazer parte, na interligação entre a
infância e a idade adulta, e essa “ponte” deverá ser permeada de
direcionamentos que os propiciem à captação tal, que o elevem ao registro
definitivo na sua memória de longo prazo.
Passos (2014) explana sobre a tão difundida
profissão da docência, suas características e funcionalidades,
Compreender a profissão docente pressupõe
compreender a complexidade do processo de ensino-aprendizagem, que constitui o
seu eixo. O ensino é uma prática social concreta, dinâmica, multidimensional,
interativa, sempre inédita e imprevisível. É um processo que sofre influências
de aspectos econômicos, psicológicos, técnicos, culturais, éticos, políticos,
institucionais, afetivos, estéticos.
Envolvem tantos parâmetros por tratar-se de
formação de pessoas, que não restringem-se somente no âmbito educacional (como
a escola e a cognição), mas também pela ação formadora e inovadora, em
constante mutação, como forma evolutiva do ser humano. E nessa transformação
até os direcionamentos dos professores se alteram gradativamente, seguindo o
fluxo natural da vida, pois uma mente em constante aprendizagem nunca estagna-se
somente num mesmo centro de saberes. Ensinar é um processo também de
aprendizagem, que interage-se com o meio, em constante evolução.
BENEFÍCIOS DA RECREATIVIDADE
A inquietação propícia da idade adolescente
torna-o instável e curioso, e algo necessita ser adaptado à sua rotina, para o
desgaste natural dessa energia acumulada. Ao lhes imputarem o trabalho rotineiro,
cansativo e monótono, logo eles (os jovens) procurarão algo a mais que os
motivem e os estimulem, como forma compensatória que ao que lhes atribuiu o
trabalho tedioso. Essa compensação poderá vir através das drogas
(infelizmente), ou através da recreação saudável e construtiva.
LAZER, ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO.
Os seres humanos são seres
únicos nas vontades, tendências e preferências, algumas com facilidades para
praticar as atividades físicas, outras já apreciam o lúdico dos jogos
interativos, outros curtem mais uma leitura envolvente, uma calma pescaria, mas
todos buscam situações que propiciem o relaxamento e o prazer no que se refere
ao lazer. Lazer é diversão, e ninguém precisa se cansar pra se divertir, mas
nem só de diversão se atinge o amadurecimento nem às realizações pessoais.
Antagônico ao lazer, a
atividade física exige que se esforce um pouco mais, pois atividade física é
tudo que o ser humano faz para exercitar,
queimar calorias, ou, como costuma-se referir,
“suar a camisa”, também como forma de diversão e prazer. Uma partida de
futebol, uma corrida na praia ou no calçadão, uma visita à academia, tudo o que
faz o corpo se movimentar e se agitar.
Teixeira
(2013) nos relata,
Adolescentes
que praticam exercícios físicos moderados e vigorosos têm melhores notas no
colégio e os efeitos são mantidos no longo prazo. Essa é conclusão de um estudo
publicado esta semana pelo periódico British Journal of Sports Medicine. Os
resultados são baseados na análise de quase 5000 crianças inglesas quando
tinham inicialmente 11 anos de idade e reavaliados aos 13 e depois aos 15-16
anos. O nível de atividade física foi medido por um aparelho chamado de
acelerômetro que fica acoplado a um cinto elástico.
Os exercícios físicos praticados por
adolescentes tem a capacidade de envolvê-los e liberar a “preguiça mental” que
costuma atacar àqueles amigos da modorra. Jovens ativos encontram-se antenados
com o mundo que os rodeiam, também socializam-nos e abrem sempre novas
perspectivas relacionados à profissão ou mesmo a novos projetos educacionais e
pessoais. Também tem a capacidade benéfica de mantê-los afastados das drogas,
porque as suas rotinas são permeadas de atividades que ocupam a sua mente e
cansam o seu corpo, não sobrando espaço para outras ações que fujam do seu foco
primordial – os esportes.
Medina (2012), nos esclarece,
Atividade física pode ser
definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos
esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os níveis
de repouso [...]. Mesmo apresentando alguns elementos em comum,
a expressão Exercício Físico não deve ser utilizada com conotação
idêntica a Atividade Física.
É fato que tanto o Exercício Físico como a Atividade
Física implica na
realização de movimentos corporais produzidos pelos músculos esqueléticos que
levam a um gasto energético, e, desde que a intensidade, a duração e a frequência
dos movimentos apresentam algum progresso, ambos demonstram igual relação
positiva com os índices de aptidão física. No entanto, Exercício Físico não é
sinônimo de Atividade Física: o Exercício Físico é considerado uma subcategoria da Atividade
Física.
E
Medina (2012) continua nos explicando,
Por definição, Exercício
Físico é toda Atividade
Física planejada,
estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um
ou mais componentes da aptidão física, como exemplo, podemos citar uma
caminhada de uma hora sem parar e com ritmo constante. Não obstante, em
determinadas situações outras categorias da Atividade Física de nosso cotidiano podem,
eventualmente, provocar adaptações positivas nos índices de aptidão física. No
entanto, mesmo assim não devem se constituir como Exercício Físico (Idem).
E Medina (2012) finaliza a sua explanação,
É o caso de algumas ocupações profissionais, de tarefas
domésticas específicas ou outras atividades do dia a dia que, pelo seu
envolvimento quanto á demanda energética, podem repercutir favoravelmente na
aptidão física. Igualmente, uma pessoa que torna seu tempo livre e as
atividades destinadas ao lazer mais ativas fisicamente, deverá usufruir as
vantagens quanto à aptidão física. Contudo, as dificuldades quanto ao seu planejamento,
à sua estruturação e repetição as
impedem de ser consideradas Exercício Físico.
Ao se analisar a rotina diária da dona de
casa, o labor do operário, a queima calórica do jovem em busca de emprego, tudo
favorecem na sua aptidão e execução das tarefas, e, mesmo havendo a repetição
cotidianamente, permanecem fora da condição Exercício Físico, e sim como
Atividades Laborais ou andanças, mas as calorias foram queimadas, o desgaste
físico ocorreu, o corpo exercitou-se, portanto, muda-se o nome, porém o
resultado final ocorreu – o organismo reagiu ao esforço sofrido, suou, cansou e
as tarefas foram realizadas, através da atividade física.
ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO FÍSICO E EDUCAÇÃO
FÍSICA
Podemos definir atividade física como
qualquer movimento corporal produzido pela musculatura, resultando num gasto
energético (queima de calorias) acima dos níveis de repouso. Levando-se em
conta as atividades ocupacionais do trabalho, as atividades corriqueiras da
vivência diária como vestir-se, tomar banho, escovar os dentes, comer, etc, bem
como o seu deslocamento para a escola, o clube, a noitada, e as atividades de
lazer como: exercícios físicos, esportes, dança, luta livre, etc.
Seguindo a linha de raciocínio acima, podemos
definir exercício físico como uma parte das atividades físicas, com aspectos de
planejamento, estruturação e repetição, objetivando o desenvolvimento da
condição física, suas habilidades motoras ou a reabilitação orgânica funcional, que abrangem atividades intensas ou não, tendo como foco
principal o condicionamento físico como forma estética ou visando uma melhor
saúde física e mental.
Para o tópico Educação
Física, nas
escolas ela é considerada como uma disciplina complementar, como se ela fosse
menos importante do que Matemática, Química ou Língua Portuguesa, mas na realidade ela tem papel fundamental no
desenvolvimento corporal e psicológico dos jovens. Devido a importância tal, a
escola representa a ponte mediadora entre o jovem e a sociedade.
A ESCOLA COMO PAPEL MEDIADOR.
A escola torna-se a segunda sociedade em que o jovem
participa, e também a que representa a sua fonte de conhecimento, maturação e
canal decisório da sua profissão. Também é na escola que os seus grupos sociais
se solidificam e o norteiam. Muitas vezes a escola propicia à criança
e ao adolescente um ambiente mais ameno e tranquilo que em muitos lares, onde o
descaso, conflitos familiares e desajustes financeiros geram traumas e
instabilidades, bem como é na escola onde eles convivem com outros em idades
similares e comportamentos afins, sendo, portanto, a escola o mediador entre a
família e a sociedade, principalmente se utilizar métodos que sejam atrativos
aos jovens, como, por exemplo, as atividades físicas.
Quando o lar é
conflituoso, desajustado ou rígido, a escola funciona novamente como um fator
mediador, agora entre a família e o adolescente, visto que, no ambiente escolar
há outros jovens em idade similar, com linguagens corporais e comportamentais
idênticos, propiciando uma válvula de escape para pressões e exigências,
amenizando, portanto, os conflitos existentes.
Porém, quando o
ambiente escolar não propicia o acolhimento condizente com as necessidades
conflitantes do adolescente, ele sente-se acuado perante a tantas pressões, e
muitas vezes procura uma válvula de escape, infelizmente nas drogas, em
detrimento a toda orientação recebida até então, como uma forma de rebeldia ou
atendendo a uma curiosidade natural da idade.
Outro fator observado
é a necessidade imperativa que o adolescente possui de procurar destacar-se
perante os seus pares, mostrando experiências e atitudes como forma de se
destacar, mesmo ou principalmente quebrando paradigmas, como forma de se
autoafirmar ou de “aparecer” perante seus colegas, mostrando seu destemor
diante dos riscos.
Marques e Cruz (2000)
relatam que entre os fatores que desencadeiam o uso de drogas pelos adolescentes, os
mais importantes são as emoções e os sentimentos associados ao intenso
sofrimento psíquico, como: depressão, culpa, ansiedade exagerada e baixa
autoestima.
É nesse contexto onde a escola,
na representação do professor, deverá incentivar o adolescente a conversar,
expor os problemas existentes, incutindo-lhe a certeza do sigilo dessa
conversa, visto que muitas vezes só o fato do adolescente desabafar sobre os
problemas vivenciados já o alivia da tensão existente.
O educador pode
contribuir também para prevenir o abuso de drogas entre seus alunos de duas
formas básicas: incentivando a reflexão desses jovens, através de debates,
feiras culturais, seminários e outros eventos sobre essa temática. Outra forma
é na sala de aula, através de leituras de artigos sobre o tema, pesquisas, análise
sobre situações análogas observados por eles, como forma de alerta e prevenção.
(SENAD, 2013).
Outro fator
importante a ser observado pelas escolas é a “política de vizinhança” nas
proximidades: padarias, bares, bancas de jornal, lan house, e outros estabelecimentos que interagem com os alunos e
pode, potencialmente, vender cigarros e bebidas. Pesquisas têm sugerido que há
uma tendência da comunidade escolar em ignorar o contato com a vizinhança e
deixar de lado aliados importantes na garantia da segurança, da saúde e da
proteção de seus alunos. (SENAD, 2013).
Atividades físicas nas escolas
Conforme
relata Papalia (2009), os exercícios, ou a falta deles, afetam tanto a saúde
física quanto a saúde mental. A prática frequente de esportes melhora a força e
a resistência, ajuda a construir ossos e músculos saudáveis, ajuda no controle
de peso, reduz a ansiedade e o estresse e aumenta a autoestima, as notas na
escola e o bem-estar. Diminui também a probabilidade de um adolescente
participar de atividades que envolvam comportamentos arriscados, porque o seu
corpo e a sua mente encontram-se envolvidos pelo esporte e laser.
Não
significa que, se o adolescente praticar esportes não vá se envolver com
drogas, porém o esporte propicia uma gama de atividades que direcionam o jovem
a ter uma mente mais saudável, com atitudes construtivas, afastando-o do mundo
das drogas. Nas atividades esportivas há campo social para a formação de
amizades, planejamentos e objetivos.
O ambiente escolar, a prevenção e a
participação dos adolescentes.
Diversas
escolas têm adotado programas educativos com o objetivo de prevenção do uso
indevido de drogas. Eles podem ser de grande ajuda aos jovens, sobretudo a
partir do início da adolescência, desde que conduzidos de forma adequada.
Informações mal colocadas podem aguçar a curiosidade dos jovens, levando-os a
experimentar drogas. Mensagens amedrontadoras ou repressivas, além de não serem
eficazes, podem até estimular o uso. (SILVEIRA, 1999, p. 27)
Como
a adolescência é o período propício para a rebeldia misturado à curiosidade,
faz-se necessário uma atenção toda especial para o tópico “prevenção às drogas”,
abordando tal problemática de forma tranquila, mostrando claramente os
malefícios advindos do uso e abuso de drogas, sem a temática da repressão
abusiva. O adolescente deve ser levado à atitude do não uso das drogas pela sua
própria percepção e decisão da escolha, incutindo-lhes a certeza de que o fato
de não usar drogas demonstra maturidade pela escolha pessoal. A atitude da
proibição, repressão, imposição só o aguçará mais ainda para o ato do uso de
drogas.
Silveira
(1999) alerta que nos programas de prevenção mais adequados, o uso de drogas
deve ser discutido dentro de um contexto mais amplo de saúde. As drogas, a
alimentação, os sentimentos, as emoções, os desejos, os ideais, ou seja, a
qualidade de vida entendida como bem-estar físico, psíquico e social, são
aspectos a serem abordados no sentido de levar o jovem a refletir sobre como
viver de maneira saudável. Diálogos e esclarecimentos devem ser
contextualizados como informação e não como repressão, para que façam parte da
discussão, eliminando a dicotomia professor-aluno.
Cavazos
(1989) analisou que os administradores de escolas e os professores,
frequentemente, não têm ciência de que seus alunos estão usando drogas, muitas
vezes nas dependências das escolas. O uso de drogas não se confina a jovens de
certas áreas geográficas ou de determinadas condições econômicas. O uso de
drogas afeta jovens na nação inteira; embora o tráfico de drogas seja
controlado por adultos, a fonte imediata de drogas para a maioria dos
estudantes são outros estudantes.
Mediante
ao exposto, questiona-se: como proteger nossos jovens de inimigos ocultos pelo
riso fácil, convivência diária e socialização dentro e fora da sala de aula? É
devido à tamanha proximidade do adolescente com a droga (no seu comércio
desenfreado) que se faz necessário um trabalho sério de prevenção, na forma
correta, no tempo adequado.
O uso de drogas,
frequentemente, avança por etapas – vai do uso ocasional ao uso regular, ao uso
de drogas múltiplas e, finalmente, à dependência total. A cada etapa sucessiva,
o uso de drogas intensifica-se, torna-se mais variado e resulta em efeitos
debilitantes. A melhor maneira de combater o uso de drogas é começar os
esforços de prevenção antes que as crianças comecem a usar drogas. Esforços de
prevenção que se concentrem em crianças novas são o meio mais eficaz para o
combate ao uso de drogas. (CAVAZO, 1989, p. 7).
Em
qualquer ângulo analisado, sempre a prevenção é o método mais eficaz e indolor
para a prevenção às drogas, porém, para tal, deverá haver um trabalho conjunto
entre pais, escolas, municípios, estados, todos imbuídos no objetivo único de
manter as crianças longe das drogas, porém cada dia mais falta vontade
política, interesse dos pais ou energia aos professores, todos envoltos na
estafante luta da sobrevivência, deixando à mercê dos aliciadores os nossos
jovens.
Grego
Filho (1989) enuncia que as medidas de combate devem visar os dois polos do uso
indevido de drogas: a oferta e a procura. O traficante e o que possa tornar-se
viciado; a facilidade da obtenção da droga e o narcômano em potencial. O
combate, exatamente, usa a metodologia inversa dos que buscam incutir o vício,
os quais procuram aumentar e facilitar a oferta e induzir a procura. Medidas
preventivas são as mais importantes, porque visam evitar a implantação do vício
e aplicam-se ao destinatário das drogas, isto é, à população em geral e ao
fornecedor. Quanto ao destinatário, as
medidas preventivas devem ser educacionais e sociais.
Papalia
(2009) esclarece que a qualidade de vida escolar influencia fortemente as
conquistas dos alunos. Uma boa escola de ensino fundamental ou médio tem
ambiente seguro, organizado, recursos materiais adequados, uma equipe estável
de professores e um senso comunitário positivo. A cultura da escola é um fator
importante que influencia a conduta dos professores e estimula a crença de que
todos os alunos podem aprender.
Oferece
também oportunidades para atividades extracurriculares, que mantém os
estudantes engajados e evita que se envolvam em problemas depois da escola. Os
adolescentes ficam mais satisfeitos com a escola se é permitido que participem
da elaboração das regras, quando sentem o apoio dos professores. Envolver os
adolescentes em atividades construtivas ou habilidades profissionais durante
seu tempo livre pode trazer ganhos de longo alcance. A participação em
atividades escolares extracurriculares tende a diminuir a desistência da escola
e o envolvimento em situações e comportamentos ilícitos.
Se
uma parte da totalidade dos estudantes contribuir com a ação, sentir-se útil
porque colaborou com a elaboração e execução do projeto escolar, isto propicia
uma grande integração do jovem com a escola, porque principalmente ele entende
o convívio, os conflitos e os anseios dos adolescentes, é o seu mundo e a sua
vivência. Se todas as escolas ouvissem os seus jovens, maior interação e menos
evasão haveria, porque a escola precisa fazer parte do seu habitat natural.
O
jovem precisa sentir a necessidade de “levar seu intelecto para passear na
escola”, porque o passeio significa prazer e o prazer é o que norteia nossa
mente, e desse passeio ganhar de brinde o saber, a capacidade cognitiva e a
vontade de se questionar e questionar a sociedade, porque é nas perguntas, nos
questionamentos que se amplia o conhecimento. É verdade também que todo o
planejamento deverá ser acompanhado por adultos conscientes e competentes, para
que a escola não se transforme somente em um campo lúdico de diversão. A
dosagem certa para o ambiente certo – A escola como fonte de cultura.
Tavaresa,
Beria e Lima (2001), em sua tese de Mestrado apresentada ao Departamento de
Medicina Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas RS,
informa que
A
imagem do usuário de drogas como alguém incapaz de funcionar adequadamente
dentro da sociedade reflete, na realidade, o estágio final do problema, sendo
difícil o reconhecimento em estágios iniciais. A identificação de sinais
precoces de comportamento de dependência é altamente necessária para que a
família e o setor escola e saúde possam tomar providências com maiores chances
de sucesso.
Quanto
mais cedo se trabalhar a prevenção primária (aquela que tem por objetivo
esclarecimentos e apoio para que o jovem não venha a experimentar drogas),
maior probabilidade do jovem não se deixar levar pelo papo envolvente do
aliciador. A família captando precocemente esses sinais de alerta, possibilita que
insira-se conceitos que nortearão os seus direcionamentos, afastando-os do
envolvimento com as drogas e os possíveis problemas que tais práticas
acarretam.
Tavaresa,
Beria e Lima (2001), permanecem nos esclarecendo:
Tem-se
a questão se a ausência à escola seria uma consequência do uso de drogas ou
marcaria um comportamento de dificuldade em outras áreas, que incluiria ou
culminaria com o uso de drogas. Independentemente do que tenha acontecido
antes, no entanto, o absenteísmo atual à escola é um marcador de necessidade de
intervenção. Dada a contemporaneidade desse fator, deve ser o indicador mais
útil para a detecção e intervenção precoces em problemas de vida ou
comportamentais entre escolares.
Ademais,
quando o rendimento escolar encontra-se comprometido, é consequência de
desvios, quer seja comportamentais ou emotivos, que encontram-se interferindo
na qualidade do aprendizado e no desenvolvimento cognitivo. O aluno não sofre
transformações tão bruscas sem um motivo plausível, motivado somente pelas transformações
hormonais sofridas no decorrer da adolescência, mas sim motivados por
interferências externas como problemas familiares, que a família sente e
percebe, pois trata-se da sua realidade, ou são sequelas das drogas
comprometendo de forma nociva as ações deste jovem.
Nas
famílias em que acompanham mais amiúde o desenvolvimento adolescente dos
filhos, os genitores percebem as modificações aparentes geralmente em uma fase
precoce, e isto propícia uma ajuda e um tratamento na fase inicial (ou não
muito adiantada) do usuário, porém quando a família é dispersa ou muito fechada
no que condiz à liberdade de expressão, o jovem é, e permanece sendo, um
adolescente fechado em casa (emotivamente), dificultando assim a aproximação
com um adulto próximo que possa perceber, e ajudar esse adolescente, nos seus
momentos críticos. E são esses bloqueios entre familiares que mais “empurram”
os jovens em direção às drogas, pois buscam autoafirmação naquilo que o
transforma e se adequa aos seus desejos, como tornar-se desinibido,
autoconfiante e integrado com galeras não recomendáveis pelos parâmetros
sociais.
Achou válido?
Envie críticas ou sugestões para
e-mail: agdademetrio@gmail.com e contribua para esse trabalho
social de manter os jovens afastados das drogas.
REFERÊNCIAS
CAVAZOS, Lauro F. Escolas sem drogas. 1. ed. São Paulo: Denarc, 1989.
GRECO FILHO, Vicente. Tóxicos. Prevenção – Repressão. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1989.
MARQUES, Ana Cecília Petta Roselli; CRUZ, Marcelo S. Unidade de
Dependência de Drogas do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal
de São Paulo (UDED/Unifesp). Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (NEPAD/UERJ) Acesso em 25/06/2013.
PAPALIA, Diane E; OLDS, Sally Wendkos. FELDMAN, Ruth Duskin. O mundo da criança. Da infância à adolescência. 11. Ed. São Paulo:
Mc Graw Hill, 2009.
Passos. Trabalho docente:
características e especificidades. Disponível em
¸file:///C:/Users/aguidapc/Downloads/trabalho_docente.pdf Acesso em 17 Mar
2014. VER NOME COMPLETO DO AUTOR
Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD. Drogas: Cartilha para educadores. 2.
ed. Brasília: 2013.
____________ SENAD. Drogas: Cartilha para pais de adolescentes. 2. ed. Brasília: 2013.
____________ SENAD. II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no
Brasil 2005: Estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país. Brasília:
2007.
_____________ SENAD. Legislação e Políticas Públicas sobre Drogas no Brasil. 1. ed.
Brasília: 2010.
_____________ SENAD. PECHANSKU, Flavio;
DUARTE, Paulina do Carmo Arruda Vieira; DE BONI, Raquel Brandini
(Organizadores). Uso de bebidas
alcoólicas e outras drogas nas rodovias brasileiras e outros estudos. 1.
ed. Brasília: 2010.
SILVEIRA, Dartiu Xavier e SILVEIRA, Evelyn
Doering Xavier. Um guia para a família
1. ed. Brasília: Senad e UNDCP, 1999.
TAVARESA, Beatriz Franck, BÉRIAB, Jorge Umberto e LIMA, Maurício Silva. Prevalência do uso de drogas e desempenho
escolar entre adolescentes. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rsp/v35n2/4399.pdf>. Acesso em 24 Fev 2014.
TAVARESA, Beatriz Franck; BÉRIAB, Jorge Umberto; LIMA, Maurício Silva.
Ver. Saúde Pública 2004; 38(6):787-96. Fatores
associados ao uso de drogas entre adolescentes escolares. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n6/06.pdf> Acesso em 17 Mar 2014.