Os filhos de meu filho.
Filhos de dependentes e ex-dependentes químicos têm risco aumentado para o desenvolvimento da dependência química, bem como para transtornos psiquiátricos, situações de estresse psicossocial, timidez, sentimento de inferioridade, depressão, conflito familiar, carência afetiva, dificuldade escolar.
Filhos de alcoolistas têm um risco aumentado em quatro vezes para o desenvolvimento do alcoolismo.
Esses são dados baseados não em fatos isolados, mas sim em pesquisas e prolongados estudos efetuados na vida de filhos de dependentes químicos.
Fontes pesquisadas.:WWW.comciencia.br/especial/droga
Vamos analisar detalhadamente esta amarga verdade.
Pré-disposição para a dependência.
Enquanto outros jovens, em seus momentos de fuga social consome vez ou outra uma droga, e seu organismo não se escraviza à mesma, o risco do vício imediato de um jovem cujo pai ou mãe foi ou é um dependente é infinitamente maior, porque, no momento em que foi gerado, seus cromossomos já herdaram, além dos traços genéticos do pai e da mãe, também uma herança química, pois a droga, ao se apoderar de um corpo, se apodera também de seu DNA, e esta genética tende, infelizmente, a passar para o filho gerado.
Transtornos psiquiátrico.
Ao se falar em transtorno psiquiátrico, não se refere àquele louco varrido, que grita, corre desvairado ou rasga dinheiro, mas também àquela criança inquieta, irritadiça, nervosa, emocionalmente instável, onde a agressividade faz parte de sua rotina cotidiana. É quando se torna necessário um acompanhando psicológico, uma atenção maior por parte dos familiares, onde um lar equilibrado é fonte de equilíbrio para esta criança.
Situações de estresse psicossocial.
A sociabilidade com outros colegas se torna comprometida porque ele não se torna uma companhia agradável, é uma criança estressada, irritadiça, com ímpetos de agressão à coleguinhas, não consegue ter uma convivência carinhosa com os outros, viver em sociedade é viver em pé-de-guerra para esta criança.
Timidez.
Esta criança está constantemente pelos cantos, sozinha, triste, gagueja ao tentar se comunicar, sempre com o olhar baixo, roendo as unhas, e uma solidão de cortar o coração de quem a examina mais amiúde. Lembrando aos pais que timidez tem cura, basta dar segurança emocional, apoio, carinho, fazê-la participar mais ativamente de brincadeiras, mostrar que ela “pode”, que ela “consegue”.
Sentimento de inferioridade.
Sua auto-estima está constantemente em baixa, sempre se acha o último de sua turma, não emplaca nenhum projeto grandioso ou sonhos radiantes porque acha que não consegue, que é burro, incompetente, insignificante. E este sentimento inferior tende a atrapalhar toda a sua vida futura, pois não acredita em seu potencial. Seu vocabulário preferido é “ Eu não consigo... Eu não posso... eu não aguento“, ou, para esconder seu sentimento de inferioridade, diz “eu não quero”, mas por dentro está se roendo de tristeza, mas, por achar que não consegue, prefere a fuga da vontade.
Depressão.
Uma doença silenciosa e perigosa. Uma grande tristeza e vazio invade esta pequena alma, onde seus dias são noites, não há calor humano que o aqueça ou um sorriso radiante que o contagie. Só sente o lado negativo de tudo, onde deveria morar a alegria de brincar reside uma grande sombra de tristeza. A doença da depressão numa criança é muito pior que o sarampo ou a coqueluche, pois essas passam e não deixam seqüelas, enquanto que a depressão poderá acompanhá-la ao longo de toda a vida, lembrando ainda que a vida de um depressivo nem sempre é longa, pois o suicídio é uma conseqüência possível a esta pessoa.
Conflito familiar.
Brigas, tapas, agressão verbal, ciúmes, incompatibilidade com o restante da família, onde era para haver harmonia familiar se transforma num campo de batalha, a mãe querendo apaziguar os ânimos e a criança ou adolescente lançando chispas de raiva. O pai não sente mais que o lar é o repouso do guerreiro, mas sim um confessionário de lamentações. Para superar tal problema toda a família deverá se envolver e sanar os conflitos com diálogos, brincadeiras, convivência amena.
Carência afetiva.
Nunca o carinho é suficiente, exige atenção constante, chora por migalhas de amor, de palavras, de gestos, de atitudes. São aquelas crianças que sugam toda a atenção e ainda querem mais. Querer carinho é bom, exigir atenção é normal, porém sufocar emocionalmente é doentio, os pais deverão saber dosar os sentimentos para que não haja sufocamento emocional, onde as crianças deverão aprender a dar continuidade de seus passos sem estarem 24 horas agarradas à barra da saia da mãe.
Dificuldade escolar.
A concentração é precária. Onde o restante dos alunos da sala captam as informações, os ensinamentos, esta criança que nos referimos não consegue se concentrar, captar os ensinamentos, e fica para traz. Seu caráter vai se formando com deficiências de auto-estima, sua auto-confiança já fica abalada, pois ela se sente burra e incompetente. E com isto retorna ao ciclo vicioso de timidez, sentimento de inferioridade, carência, estresse, e assim sucessivamente.
Alerto para que, nem toda criança estressada, tímida, inquieta, seja filha de um dependente químico, porém vocês, ex-dependentes, mãe de ex, avós, cuidem e acompanhem com todo carinho a estas novas crianças, para que não incorram nos pecados de seus pais, para que tenham vidas saudáveis, para que superem as barreiras impostas indiretamente por seus pais.
Tenho três netos, dois deles gerados no auge do festival de drogas, e tenho consciência de minha responsabilidade, como avó, de acompanhar amiúde o desenvolvimento de ambos, sempre vigilante para suprir com amor as deficiências emotivas que porventura surgirem ao longo de seus caminhos.
A terceira neta foi filha do amor, mas não sei as seqüelas transmitidas, sei somente que ela está englobada no meu redoma de cuidados e carinho, para que eu seja uma fonte de amor e segurança, onde a presença seja benéfica a qualquer um deles que venha a sentir o fantasma da dependência na sua vida.
Não digo com isto que os ex não possam ter filhos, não possam amar, não possam ter sua continuidade genética, digo sim para serem pais e mães presentes, conscientes, e responsáveis, suprindo com seu amor as dificuldades surgidas pelos caminhos de seus filhos. Que vocês dêem de herança para eles não somente a sombra do medo, mas o raiar de novas esperanças e alegrias, porque no lar onde há amor e Deus, a genética da fé faz crescer a paz no mundo.
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