Na borda do poço.
Um dia eu desci ao fundo do poço, para apoiar o peito do pé na lama da droga, segurar a mão do meu filho e trazê-lo de volta.: Resgatado, auto confiante, vivo e livre. Livre das drogas.
Hoje, quase três anos após a saída do Ralf da internação, sem nenhuma recaída, sinto que venci a batalha, e tal qual uma grande guerreira, sinto o “prazer de Napoleão”, porque olho a planície da vida e saboreio o prazer da vitória. Senti que escalei as paredes do poço, e hoje cheguei à borda, olho para o fundo do mesmo e às vezes nem sei onde achei tantas forças, depois me lembro que escalei movida pelo amor e pela fé.
A cada amanhecer agradeço a Deus por ter me dado a percepção do caminho a trilhar, a certeza que nunca posso interromper meus passos nesta caminhada, pois não posso abandonar a luta contra a dependência química, porque no mundo há muitos “Ralfs” tocando o pé na lama e estendendo a mão pedido resgate.
Meu filho está “limpo”, “de boa”, feliz, mas muitos outros garotos ainda trilham caminhos tortuosos, na fome da dependência e em contrapartida, na sede da liberdade, e tal liberdade nunca virá se não houver esperança, exemplos de superação, exemplos de vitória, como o nosso, a gritar ao mundo que Deus existe e que a dependência química pode ser vencida. Sentimos orgulho de sermos luz, de sermos esperança para quem ainda luta para se livrar das drogas.
Mães, não abandonem a caminhada, porque o que está em jogo não é somente um homem, uma mulher, é o(a) seu filho(a), fruto de seu útero, que traz em sua corrente sanguínea o seu sangue, e na mente, mesmo adormecida, os seus ensinamentos.
Quantas noites eu tentei adormecer porém a sombra do medo turvava meus pensamentos, o medo surgia como garras assombrosas, a vontade de abandonar tudo “à Deus dará” era muito forte, porém mais forte foi a minha vontade de não perder meu filho para as drogas, e nesta quebra de braços nós vencemos, porque nunca perdemos a fé, porque nunca desistimos, porque a vontade de deixar as drogas no passado superou todos os obstáculos surgidos.
Aprendam a olhar de frente a vida, mesmo que ela lhe pareça turva, porque através da penumbra da droga, há o vislumbre de um novo amanhã, e é este vislumbre que lhes guiará para uma nova vida, um novo florescer, um novo renascimento – SEM DROGAS.
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