Sentimento de culpa
O sentimento de culpa é o peso interior, é o sofrimento obtido após reavaliação
de um comportamento passado tido como reprovável por si mesma.
A base deste sentimento, do ponto de
vista psicanalítico, é a frustração causada pela distância entre o que não
fomos e a imagem criada pelo que deveríamos ser, ou ter feito, ou ter sido.
É bastante
concebível que tampouco o sentimento de culpa produzido pela civilização seja
percebido como tal, e em grande parte permaneça inconsciente, ou apareça
como uma espécie de mal-estar, uma insatisfação, para a qual as pessoas buscam
outras motivações.
Quando há a ocorrência da dependência química
do filho, a presença do sentimento de culpa se torna uma constante na mãe, e,
se mal trabalhado, destrói o emocional da mesma, pois a faz se sentir
incompleta, falha e cheia de remorsos.
Situações onde ocorre o sentimento de culpa.:
Eu sempre trabalhei fora, no intuito de
proporcionar um futuro melhor para meu filho. Minha infância e adolescência foi
muito carente de bens materiais, e não gostaria que meu filho passasse pela
mesma situação. E nesta busca do sucesso material não acompanhei o
desenvolvimento do meu filho, não procurei saber quem eram seus amigos... E só
percebi que algo estava errado, quando ele já era um dependente químico...
Me criei num sistema familiar muito fechado,
sem direito de voz e sem liberdade, e não quis este mesmo sistema para meus
filhos, porque sempre acreditei que a melhor maneira de ensinar meus filhos a serem
auto suficientes seria deixá-los
caminhar com os próprios pés, só que essas passadas livres os levaram para o
mundo das drogas.
Criei meu filho no rigor da ordem, no
cabresto da obediência, porque acreditava que para melhor educá-lo, seria
ensinando-o a ser obediente, educado, sempre “na linha dura”, porque uma boa
educação se ensina em casa, só que, na surdina, ele se rebelou de tanta
rigidez, e deu seu grito de independência, e a melhor maneira de se rebelar foi
consumir drogas.
Procurei sempre ser uma mãe amorosa, moderna,
e sempre acreditei que não era prendendo meu filho na barra da minha saia que
eu o faria se livrar dos perigos do mundo, só que eu estava errada, e tanta
liberdade o levou às drogas, e hoje acredito que, se eu tivesse sido mais
vigilante, mais rigorosa, isto não teria acontecido.
Minha timidez nunca me permitiu me sentar e
ter um diálogo com meu filho, porque sempre tive vergonha de tomar esta iniciativa,
e me acomodava porque achava que, se ele tivesse seu quarto arrumadinho, sua
roupa lavada e passada, alimento na hora certa, eu estaria desempenhando meu
papel de mãe, e depois que descobri que ele havia se tornado um dependente
químico me culpo por isto, porque deveria ter sido mais presente... mais
amiga...
Mães, em todos os aspectos que se analisa a
dependência química do filho, sempre se acha motivos para se culpar, porém,
nunca, em nenhum momento, você o levou “à boca”, nunca lhe acendeu um cigarro
de maconha, nunca lhe deu uma cheirada de pó ou uma picada de heroína.
Quer seja uma mãe moderna, rígida, hiper
profissional, tímida, não importa, você sempre foi “mãe”, sempre quis o melhor
para seu filho, amou-o e educou-o, sempre o colocando em primeiro plano, muitas
vezes se anulando em prol da felicidade do filho.
Quando houve a dependência química, foi
porque algo além do seu poder se sobrepôs entre seus ensinamentos e a vontade
do seu filho, entre seus conselhos e a vontade dele de conhecer “algo diferente”,
onde o diálogo com o aliciador foi mais “suave” que suas palavras, onde o “papo” com o traficante foi mais interessante que o
seu papo.
Não foi porque você não soube conversar, não
foi porque você não soube vigiar, não foi porque você não soube educar, não foi
porque você não soube amar, e sim porque a “curiosidade” dele foi maior que
toda sua boa vontade de mãe.
Carregar a cruz do sentimento de culpa não
irá lhe ajudar agora, porque este sentimento tolhe sua força, e você precisa
dela pra ajudar seu filho, pois se você permanecer com este sentimento
negativo, ele lhe tolherá para baixo, e você precisa seguir adiante, ao lado do
seu filho, amparando-o, porque sua caminhada está apenas começando, e você
deverá se livrar de todo o “peso morto” da culpa.
Você é um ser humano, e, mesmo errando, é
buscando acertar, é fazer o melhor, é criar âncoras para proporcionar sempre
uma vida melhor para seu filho, e isto é louvável, e mais louvável ainda será
quando, ao final de uma caminhada vitoriosa, você olhar para seu filho
recuperado, e sentir que a caminhada foi válida, porque o seu filho renasceu
para uma nova vida.
Viva em função de uma esperança, tenha fé na
caminhada e acredite na força de vontade de seu filho, doe amor, doe carinho,
partilhe forças, e acredite que, se você permitir que Deus partilhe sua
caminhada, ilumine seus caminhos, a vitória virá, e a vitória será uma
declaração tão comum a todos os ex.: “Agradeço a Deus e à minha mãe, que nunca
me abandonou e acreditou em mim”.
Substitua o sentimento da culpa pelo
sentimento da fé, substitua a angústia pela esperança, a tristeza pela certeza
de que tudo dará certo, porque quando acreditamos que “Para Deus nada é
impossível” e se ambos, você e seu filho, realmente quiserem que a dependência química
seja apenas um rasgo no passado, a vitória virá, e uma nova vida surgirá.
Agda
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