Os
hábitos de dependência dos pais.
É comum o adolescente ver o pai chegar à
noite em casa e tomar seu uísque, sua vodka, sua cerveja, bem como ver a mãe à
noite se entupir de calmantes, fumar seu cigarro ou mesmo apreciar sua
cervejinha. Como educar os filhos com a premissa que “faça o que falo e não o
que faço”, se são as atitudes e ações que norteiam a fase educacional dos
filhos? Como suprir sua necessidade de conhecimentos a um mundo desconhecido?
O que
os pais podem fazer é tornar-se exemplo para os filhos. A maneira como os pais
lidam com a questão da dependência tem muito mais efeito sobre o jovem do que
as informações que são dadas, ou seja, o que se faz é muito mais importante do
que o que se diz. As crianças e os jovens começam a aprender o que é droga
quando observam os adultos em busca de tranquilizantes ao menor sinal de tensão
ou nervosismo. Aprendem também o que é droga quando ouve seus pais dizerem que
precisam de três xícaras de café para se sentirem acordados, ou ainda quando
sentem o cheiro de fumaça de cigarros. Além disso, eles aprendem o que é
dependência quando observam como seus pais têm dificuldade em controlar
diversos tipos de comportamento, como, por exemplo, comer de modo exagerado,
fazer compras sem necessidade, trabalhar excessivamente. (SILVEIRA, 1999. P.18)
Tais exemplos indesejáveis também propicia um
registro profundo na mente da criança e do adolescente quando presenciam o pai
chegar em casa embriagado e o mesmo ou a mãe acharem tais atitudes normais ou,
o que é pior, tal fato vir acrescido de violências e agressões, verbais ou
físicas. Outro fato condenável, mas nem por isso menos comum é a presença (às
vezes em grande escala) de bebidas alcoólicas nas festinhas de aniversário das
próprias crianças ou adolescentes.
Cavazos (1989) instrui que ajudar os filhos a
resistir à pressão para usarem álcool e outras drogas, supervisionando suas
atividades, sabendo quem são seus amigos e falando com eles sobre seus
interesses e problemas; ensinar padrões de certo e errado e demonstrar esses
padrões através do exemplo pessoal; ter sagacidade a respeito das drogas e dos sinais
de seu uso; agir prontamente quando forem observados sintomas, são atitudes
condizentes para manter os filhos livre das drogas, sem o estigma da
dependência química.
O
novo conceito familiar: a mãe no mercado de trabalho.
Papalia (2009) analisa que o impacto gerado
pelo fato de a mãe trabalhar fora de casa e venha a afetar os filhos
adolescentes depende de quanto tempo e energia ela ainda tem para dedicar a
eles, de quanto ela fica atenta a seus paradeiros, e que tipo de exemplo ela
dá, o tipo de supervisão que eles recebem depois da escola. Aqueles que ficam
por conta própria, longe de casa, tendem a se envolver com álcool e drogas e a
ter má conduta na escola, especialmente se eles tiverem uma história precoce de
problemas de comportamento, porém o déficit não está na mãe trabalhar fora ou
não, e sim no tempo que é dedicado ao acompanhamento do adolescente, pois
muitas mães não trabalham fora e nem por isto acompanham de perto o seu
desenvolvimento escolar ou suas atividades sociais.
As
crises existenciais dos adolescentes e o conflito familiar.
Papalia (2009) esclarece que, tal qual os
adolescentes sentem a tensão entre a dependência de seus pais e a necessidade
de libertar-se, os pais quase sempre têm sentimentos conflitantes também. Eles
querem que seus filhos sejam independentes, mas acha difícil não intervir. Os
pais têm de andar numa linha tênue entre dar suficiente independência aos
adolescentes e protegê-los de falhas imaturas nos julgamentos. As tensões podem
levar ao conflito familiar e os estilos de paternidade podem influenciar seu
formato e resultado. O monitoramento parental efetivo depende de quanto os
adolescentes deixam os pais saberem de suas vidas cotidianas, e isso pode
depender da atmosfera que os pais tenham estabelecido. Da mesma forma que
acontece com as crianças mais novas, as relações dos adolescentes com os pais
são afetadas pela situação de vida dos pais – seu trabalho, situação marital e
socioeconômica.
Papalia (2009) esclarece que a maioria das
discussões entre adolescentes e pais diz respeito a assuntos pessoais triviais
- tarefas, trabalhos escolares, vestimenta, dinheiro, horário de recolher,
namoros e amigos – mais que as questões de saúde e segurança ou certo e errado.
O nível da discórdia na família pode depender em grande parte da atmosfera
familiar. O conflito diminui do começo para o meio da adolescência nas famílias
afetuosas e apoiadoras, e permanece nas famílias hostis, coercitivas ou
críticas em demasia. A paternidade autoritária pode levar um adolescente a
rejeitar a influência parental e buscar apoio e aprovação dos colegas a
qualquer custo.
Pais que insistem nas regras, normas e
valores importantes, mas são receptivos a ouvir, explicar e negociar, exercem o
controle adequado sobre a conduta do adolescente, mas não passam por cima dos
seus sentimentos. Encontram o equilíbrio da autonomia psicológica dos filhos,
propiciando assim autoconfiança e competência nas áreas acadêmica e social.
Qual a
probabilidade de que determinada pessoa jovem venha a abusar de drogas? Os
fatores de risco incluem temperamento difícil, falta de controle dos impulsos e
uma tendência buscar sensações externas, influências da família (como
predisposição genética ao alcoolismo, uso de drogas pelos pais ou irmãos ou
aceitação da família, práticas de criação frágeis ou inconsistentes, conflitos
familiares e relações familiares problemáticas ou distantes), problemas de
comportamento precoces e persistentes, parcialmente a agressão, falhas
acadêmicas e falta de comprometimento com a educação, rejeição de colegas,
associação com usuários de drogas. Quanto mais fatores de risco estiverem
presentes, maior será a chance de que o adolescente ou o jovem adulto venha a
abusar de drogas. (PAPALIA, 2009. P. 435).
Na
adolescência é onde o jovem migra de uma condição de uma zona de conforto
propiciado pelos pais, com a cautela da superproteção e parte para uma nova
fase, com suas inseguranças, seus anseios e seus medos. Onde antes havia uma criança comportada,
obediente, dócil, hoje há um adolescente rebelde, insubordinado e respondão,
infringindo normas disciplinares para mostrar sua força e seu ponto de vista
perante o mundo que ora se descortina perante si.
O risco do líder
inescrupuloso.
Todo adolescente procura se espelhar em um
líder, um “cabeça de turma”, e quando há a má sorte desse líder não ter certos
conceitos éticos ou atitudes condizentes com o bom senso social, há o
descaminho para atitudes errôneas, como drogas, promiscuidade e prostituição. O
desejo a um pertencimento a um grupo induz o adolescente a ingressar nesses
grupos de risco.
Chico Jr (1983) afirma que a única forma de
diminuir o consumo de drogas é trabalhar no sentido da modificação da pessoa,
estimular o autoconhecimento, a consciência, a personalidade. Sem um referencial
existencial, o adolescente se droga.
Por sua
imaturidade, os adolescentes podem ceder a pressões que os adultos seriam
capazes de resistir. A influência dos colegas aumenta na adolescência à medida
que os jovens buscam independência do controle parental. O desejo dos jovens
pela aprovação dos colegas e o medo da rejeição social afetam suas decisões,
mesmo na ausência da coerção visível. Colegas populares servem de modelo para o
comportamento de um adolescente. (PAPALIA, 3009 p. 427).
Ele busca na droga a autoafirmação e a
sensação de desenvoltura e a falsa sensação de segurança. É muito comum o
adolescente ser tímido, inseguro e desajeitado e tal fato vir a gerar o
bullyng, o que mais agrava a situação. Como fuga ele também poderá vir a se
refugiar nas drogas, se no lar ele não tiver apoio ou a liberdade do diálogo
familiar. A necessidade de se destacar perante seus colegas, ser bem
“entrosado” e ser o “cabeça”, o “descolado” também o leva às drogas como forma
de superar certas barreiras restritivas ou como um falso grito de liberdade e
modernidade e infelizmente o líder costuma arrolar muitos outros nesse
descaminho às drogas, pelo seu grande poder de convencimento e muitos outros
adolescente o admira e quer ser igual.
Trechos do livro: Drogas: Prazer e Morte
Autora: Agda Meneses
Autora: Agda Meneses
agdamenesesvd@gmail.com
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