sábado, 15 de junho de 2013

As drogas na adolescência - Parte 3

Dependências físicas e psicológicas na adolescência.

            Papalia (2009) alerta que drogas viciantes são essencialmente perigosas para os adolescentes porque estimulam partes do cérebro que estão em mudança na adolescência. Quanto mais cedo os jovens começam a usar drogas, mais frequentemente estarão propensos a usá-la e maior será a tendência a abusar dela.
Chico Jr (1983) esclarece ainda que a dependência física consiste na adaptação fisiológica do corpo à presença de uma droga. No efeito, o organismo desenvolve uma contínua necessidade da droga. Uma vez estabelecida a dependência, o corpo reage com sintomas previsíveis se a droga for bruscamente retirada, provocando a chamada crise de abstinência. A natureza e severidade dos sintomas de retirada dependem do uso diário e do nível atingido. Ora, se as drogas provocam todas essas alterações fisiológicas num corpo adulto, supõe-se realisticamente que num corpo adolescente, em formação, tanto física como psicologicamente, as drogas destroem todo o processo de desenvolvimento, as defesas naturais do emocional, gerando bloqueios que interferem no familiar e social desse adolescente.
Chico Jr (1983) ressalta ainda que a dependência psicológica é o efeito adicional do uso da droga provocada pela necessidade de satisfazer uma exigência emocional ou pessoal do indivíduo. Esse efeito não se liga a nenhuma dependência física, embora esta possa reforçar a dependência psicológica. Observa-se que, se a dependência física já provoca uma grande devastação no adolescente, pressupõe-se que a dependência psicológica mutila e arrasa de forma avassaladora, porque o organismo segue o comando da mente, e se ela encontra-se “enferma” pela escravidão da droga, essa mente dificilmente encontra forças para reagir e superar essa prisão psicológica.
Nosso corpo e nossa mente são regidos automaticamente pela busca do prazer e a dependência psicológica é quando o organismo só sente prazer nas sensações advindas da droga, daí o imenso prejuízo psicológico num corpo adolescente, que, em situações normais já sofre os abalos das sensações desencontradas daquela idade, analisa-se então a destruição avassaladora que a droga provoca nesse adolescente dependente de drogas psicotrópicas.

Potencialização das drogas no organismo.

Chico Jr (1983) alerta ainda para a potenciação (ação combinada de duas ou mais drogas) incorrendo nos riscos à saúde, pois a soma dos efeitos de cada uma tomada conjuntamente (exemplo: álcool + maconha) é potencialmente maior que consumidos individualmente, produzindo distúrbios gastrintestinais, náuseas, vômitos, tontura e desmaio, principalmente se a pessoa estiver mal alimentada. Na verdade, nunca se deve potenciar álcool com nenhuma outra droga.

Mesmo que os adolescentes sejam capazes de raciocínio lógico (e muitos não são), eles nem sempre o utilizam nas suas tomadas de decisões. Isto é especialmente verdadeiro em situações altamente emocionais. Os adolescentes são propensos ao comportamento arriscado. Por limitações cognitivas ou por experiências de vida limitadas, eles pensam menos sobre hipotéticas consequências futuras e mais sobre recompensas imediatas. (PAPALIA, 2009 p. 427)

O imediatismo da adolescência leva-os à drogadição e à dependência física e psicológica, no intuito de satisfazer sua necessidade de emoções fortes, de prazer absoluto, em detrimento à saúde psíquica e emocional que a vida proporciona a um corpo saudável. Pela coragem exacerbada de enfrentar perigos conhecidos (como é a droga), sem medo de um futuro comprometedor, jovens e adolescentes não possuem a precaução, o receio das consequências lógicas e trágicas que a droga proporciona, inclusive ministrando-se de forma combinada o álcool à outra droga, incorrendo inclusive no risco a uma overdose.

Atividades físicas na adolescência.

Conforme relata Papalia (2009), os exercícios, ou a falta deles - afetam tanto a saúde física quanto a saúde mental. A prática frequente de esportes melhora a força e a resistência, ajuda a construir ossos e músculos saudáveis, ajuda no controle de peso, reduz a ansiedade e o estresse e aumenta a autoestima, as notas na escola e o bem-estar. Diminui também a probabilidade de um adolescente participar de atividades que envolvam comportamentos arriscados.
Não significa que, se o adolescente praticar esportes não vá se envolver com drogas, porém o esporte propicia uma gama de atividades que direcionam o jovem a ter uma mente mais saudável, com atitudes construtivas, afastando-o do mundo das drogas.

Desenvolvimento psicossocial na adolescência

Ainda segundo Papalia (2009), a adolescência é um tempo de oportunidades e riscos. Os adolescentes estão no limiar do amor, do mundo do trabalho, da participação na sociedade dos adultos, e, infelizmente, também no limiar da ocorrência ilícita das drogas, sempre na busca por sua identidade pessoal, e essa identidade se forma à medida que os jovens resolvem três questões principais: a escolha de uma ocupação, a adoção de valores nos quais se basear e o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória. Como adolescentes, eles precisam encontrar maneiras construtivas de usar essas habilidades. Quando os jovens têm problemas em definir uma atividade ocupacional – ou quando suas oportunidades são limitadas – eles podem se envolver em comportamentos com sérias consequências negativas, como atividades criminosas ou gravidez precoce.
Adolescentes que resolvem satisfatoriamente a crise de identidade desenvolvem a virtude da fidelidade: lealdade constante, fé ou sentimento de pertencer a alguém querido ou a amigos e companheiros. A fidelidade também pode significar identificação com um conjunto de valores, uma ideologia, uma religião, um movimento político, uma ocupação criativa.

Em conhecimento de tais prerrogativas, os aliciadores procuram “abocanhar” cada vez mais cedo essa parcela de consumidores, porque sabem que, quanto mais cedo trabalhar o aliciamento nessa faixa etária, mais facilidades terão na missão, porque os intelectos ainda não estão bem amadurecidos. Falsas promessas de “felicidade” podem iludir o adolescente a um mundo muitas vezes sem volta, que é o mundo enganoso das drogas.


Trechos do livro:   Drogas: Prazer e Morte
Autora: Agda Meneses
agdamenesesvd@gmail.com

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