quinta-feira, 27 de março de 2014

Atividades físicas e prevenção às drogas

A RECREAÇÃO E A ATIVIDADE FÍSICA NO CONTEXTO ESCOLAR COMO FORMA DE PREVENÇÃO ÀS DROGAS.
A nossa sociedade convive nos dias atuais com um estigma avassalador denominado drogas, que contaminam e se alastram numa proporção potencializada, comprometendo as nossas promessas reais de renovação e desenvolvimento social, que são os nossos jovens, hoje revestidos de juventude, interatividade, capacidade, viço, inovação, e, ao inserir-se nas drogas, poucos meses depois esses mesmos jovens encontram-se escravizados e mutilados pela ação danosa que as drogas agregam no seu psicológico, transformando-os em pessoas traumatizadas e estigmatizadas.
Em muito se alardeia sobre a prevenção primária (aquela que visa impedir que os jovens venham a experimentar as drogas), ou mesmo a prevenção secundária (que trabalha no sentido de que os jovens usuários de drogas não venham a se tornar dependentes químicos), porém o trabalho (ainda pífio) concentra-se mais na prevenção terciária (que tenta resgatar os dependentes químicos à  condição de recuperados), exaurindo nessa trajetória muitos dos elementos essenciais à composição de uma sociedade rica e questionadora, que é o seu viço inovador, advindos da juventude focada no social.
Destina-se às famílias a tarefa da prevenção primária, por ser o primeiro e mais restrito grupo social que compõe a vida social da criança ou do adolescente, competindo à elas a função dos direcionamentos e esclarecimentos no tocante aos cuidados, acompanhamentos e orientações claras e precisas, objetivando manter os filhos longe das drogas. Mas nada se concretiza relacionado à preparação e esclarecimentos à essas referidas famílias, sobre as peculiaridades dos parâmetros que levam os jovens a inserirem-se nesse contexto perigoso, e muitas famílias, para sanar essa parte deficitária do conhecimento, ocultam-se na sombra da opressão agressiva ou do liberalismo exacerbado.
E o referido despreparo familiar incide na ocorrência da prevenção primária tardia, devido ao bloqueio sofrido pela família, em não engajar em diálogos pais/filhos de forma tranquila e sincera. Devido a esse bloqueio, o tópico “drogas” é constantemente adiado, por achar não ser ainda o momento propício, deixando para abordar tal tema somente quando os jovens principiam o diálogo ou mencionam a ocorrência. Infelizmente muitos filhos falam tardiamente com a família sobre as drogas, e outros, (pior ainda), nem chegam a comentar, temendo represálias e cerceamento da sua liberdade social, principalmente na sua fonte de prazer atual – nas drogas.
Muitos são os motivos da iniciação dos jovens às drogas: a sua curiosidade peculiar, a insatisfação pessoal dele com relação às suas posturas perante os pares (insegurança, timidez); ao seu deslumbramento com a entrada num novo ciclo de amizades; a auto confiança nata propícia da idade que lhe agrega a certeza de que é capaz de resistir somente à experimentação; ao desejo de substituir a sua realidade doméstica muitas vezes insatisfatória (permeada de opressões ou agressões) pela alegria temporária e perniciosa das sensações inebriantes das drogas.
Outro parâmetro a ser levado em conta é a capacidade aliciadora dos “amigos” inescrupulosos, onde a sua habilidade de convencimento supera às orientações adquiridas na família, pois o “diálogo” desse aliciador é permeado de promessas de prazer e quebra de rotinas, e devido à condição da personalidade ainda em formação desse jovem “alvo”, a conquista ocorre de forma suave e lúdica, no trâmite entre a sobriedade e a  dependência, porque foi empregado duas formas de conquistas propícia à idade: a novidade e o prazer.
Os aliciadores inserem-se na vivência rotineira desses “alvos”, deles se aproximando com a máscara da normalidade e a lábia do “palhaço encantador”, onde o riso fácil e a convivência aparentemente tranquila esconde o risco do aliciamento e da experimentação, na forma gratuita do brinde desinteressado. O ato de viciar é somente mais um investimento que o tráfico utiliza, formando futuros consumidores contumazes, que posteriormente tudo farão para manter o vício, plantado de forma calculada e insidiosa.
Todos os jovens são possíveis vítimas em potencial, porém esse ardil visa principalmente os jovens sociáveis, com características de líderes, onde a sua socialização poderá arrebanhar outros que o seguirão também rumo à drogadição, após a sua migração para o “outro lado”, o lado das drogas. Àqueles jovens tímidos e inseguros também são presas fáceis, pela facilidade de convencimento e pela sua insatisfação perante à sua condição social menosprezada pelos pares, por ser um “apagado” ou rejeitado social no seu mundo adolescente, com a promessa de superação àquilo que o inibe e o incomoda.
A escola torna-se o ambiente propício para o trabalho da prevenção, através do lazer e das atividades físicas, em uma matéria de suma importância para os jovens no limiar do seu desenvolvimento, que é a Educação Física. Tal matéria impulsionam os alunos a direcionarem suas energias acumuladas, acrescidos dos hormônios em constante ebulição, no envolvimento físico e psicológico do lúdico e da competição que ambos (lazer e atividades físicas) proporcionam ao corpo e à mente, bloqueando ou amenizando as possibilidades dos jovens buscarem ocupar o seu tempo ocioso no uso licencioso das drogas.
Conceitualiza-se que a escola é o espaço geográfico(?) destinado a transmitir conhecimentos, desenvolver o potencial cognitivo e socializar a criança e o adolescente, num papel conjunto com os pais, para a sua maturação psicológica, preparando-o para a escolha a uma profissão e para o seu desenvolvimento, num contexto geral, nessa trajetória entre a adolescência e a idade adulta. Esse período transitório é a fase mais importante desse ser, pois esse período é onde se solidifica os seus valores éticos e morais, e a sua personalidade se consolida, formando os parâmetros que o nortearão vida afora, como um ser social, produtivo e consciente das suas potencialidades.
Analisa-se que o desenvolvimento de um aluno é uma construção progressiva, que se inicia em tenra idade, e quanto mais cedo se inicia essa construção intelectual, mais arraigado fica na sua memória, e é nesta fase inicial da vida que há maior probabilidade de inserir conceitos e fazê-los adquirir o hábito do pensamento e, consequentemente, de raciocínio lógico. P Percebe-se que a mente da criança e do adolescente, pela pouca experiência de vida, está sempre apta a receber informações, quer sejam boas ou más. Tudo ela aceita, e dependendo da intensidade das emoções, o registro se torna conhecimento definitivo e profundo (Registro Automático da Memória – RAM), (Catania, 1999 p.347) e que se tornará importante entre os registros que nortearão toda a sua vida adulta, com qualidade e inteligência.
TAVARESA (2004), em análise à pesquisa com jovens que apresentaram problemas devido ao uso de drogas, nos confirma que, no tocante ao relacionamento deles com seus pais, apresentaram insatisfação no relacionamento familiar,

O uso mais elevado de drogas apareceu tanto entre os jovens que referiram um relacionamento ruim ou péssimo com o pai quanto com a mãe, sendo quase três vezes mais elevado naqueles que tinham mau relacionamento com a mãe. Estudos em outros países encontraram associação do uso de drogas onde ocorria o maior distanciamento afetivo entre o jovem e a família. A qualidade do relacionamento familiar também foi identificada como fator associado ao uso de drogas numa amostra nacional de estudantes brasileiros. Mau relacionamento com os pais poderia predispor ao maior uso de drogas. Porém, o próprio uso de drogas pode acarretar alterações de comportamento que levem a dificuldades de relacionamento do jovem com a família.

Tais afirmações vêm confirmar o fato de que relacionamentos instáveis e traumáticos entre os adolescentes e a família, impulsiona-os ao uso abusivo de drogas psicotrópicas, como forma compensatória (no entender dos jovens) aos distúrbios vivenciados em família. A disparidade apresentada com relação ao adolescente e a genitora (quase três vezes mais) em comparação com o pai, nos maus relacionamentos que contribuíram para o uso abusivo de drogas, entende-se tal comportamento, devido a mãe ser sempre o sustentáculo afetivo no relacionamento familiar, e quando esse encontra-se desestabilizado, os jovens tornam-se seres fragilizados. Essa fragilização, permutado com as instabilidades emocionais propícia da fase adolescente, torna-os propensos ao uso de drogas.

Adolescentes que consideravam o pai liberal também relataram maior uso de drogas em comparação aos que consideravam o pai moderado ou autoritário. A forma como a liberdade é concedida assume especial relevância para a conquista da maturidade. Muitas vezes, incompreensão e rejeição se encontram mascaradas debaixo da concessão de uma excessiva liberdade que o adolescente vive como abandono, e que o é na realidade.  No México, estudo constatou que percentual significativamente maior de estudantes não usuários de drogas referia que os pais tinham regras claras sobre uso de bebidas alcoólicas e consideravam importante seguir orientação dos pais e cumprir as regras estabelecidas por eles. (Idem).

Todo excesso é prejudicial, em qualquer parâmetro da vida, e com relação à educação ao filhos adolescentes, a afirmação também é verdadeira. Os jovens necessitam vivenciar um certo controle nas suas atitudes, como forma de direcionamento e influência, para que a sua trajetória para o amadurecimento não ocorra sob o prisma da liberdade desassistida. A forma aberta e sem subterfúgios nas normas familiares ajudam os jovens a entender o que deles se esperam, tornando o relacionamento entre ambos (pais e filhos) alicerçados no respeito e na tranquilidade, pois as normas de hoje serão as mesmas de amanhã, salvo raras exceções.

A FUNÇÃO DO DOCENTE FRENTE AOS DESAFIOS DE FORMAR CIDADÃOS.

Destina-se aos docentes a função de ensinar desde o bê a bá ao teorema de Pitágoras, até a condição de socializador e orientador das crianças e adolescentes, frente aos desafios da convivência com os pares. Esse desempenho excedente lhes é imputado pela ideia (aceitável) de            que a sua capacidade de orientação seja similar (e muitas vezes superior) à capacidade dos pais, pelo seu (amplo?) conhecimento, e sua condição de orientador nato. Ele pertence à segunda sociedade de fato que o jovem venha a fazer parte, na interligação entre a infância e a idade adulta, e essa “ponte” deverá ser permeada de direcionamentos que os propiciem à captação tal, que o elevem ao registro definitivo na sua memória de longo prazo.
Passos (2014) explana sobre a tão difundida profissão da docência, suas características e funcionalidades,

Compreender a profissão docente pressupõe compreender a complexidade do processo de ensino-aprendizagem, que constitui o seu eixo. O ensino é uma prática social concreta, dinâmica, multidimensional, interativa, sempre inédita e imprevisível. É um processo que sofre influências de aspectos econômicos, psicológicos, técnicos, culturais, éticos, políticos, institucionais, afetivos, estéticos.
Envolvem tantos parâmetros por tratar-se de formação de pessoas, que não restringem-se somente no âmbito educacional (como a escola e a cognição), mas também pela ação formadora e inovadora, em constante mutação, como forma evolutiva do ser humano. E nessa transformação até os direcionamentos dos professores se alteram gradativamente, seguindo o fluxo natural da vida, pois uma mente em constante aprendizagem nunca estagna-se somente num mesmo centro de saberes. Ensinar é um processo também de aprendizagem, que interage-se com o meio, em constante evolução.

 BENEFÍCIOS DA RECREATIVIDADE

A inquietação propícia da idade adolescente torna-o instável e curioso, e algo necessita ser adaptado à sua rotina, para o desgaste natural dessa energia acumulada.  Ao lhes imputarem o trabalho rotineiro, cansativo e monótono, logo eles (os jovens) procurarão algo a mais que os motivem e os estimulem, como forma compensatória que ao que lhes atribuiu o trabalho tedioso. Essa compensação poderá vir através das drogas (infelizmente), ou através da recreação saudável e construtiva.

LAZER, ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO.

Os seres humanos são seres únicos nas vontades, tendências e preferências, algumas com facilidades para praticar as atividades físicas, outras já apreciam o lúdico dos jogos interativos, outros curtem mais uma leitura envolvente, uma calma pescaria, mas todos buscam situações que propiciem o relaxamento e o prazer no que se refere ao lazer. Lazer é diversão, e ninguém precisa se cansar pra se divertir, mas nem só de diversão se atinge o amadurecimento nem às realizações pessoais.
Antagônico ao lazer, a atividade física exige que se esforce um pouco mais, pois atividade física é tudo que o ser humano faz para exercitar,
queimar calorias, ou, como costuma-se referir, “suar a camisa”, também como forma de diversão e prazer. Uma partida de futebol, uma corrida na praia ou no calçadão, uma visita à academia, tudo o que faz o corpo se movimentar e se agitar.

Teixeira (2013) nos relata,

Adolescentes que praticam exercícios físicos moderados e vigorosos têm melhores notas no colégio e os efeitos são mantidos no longo prazo. Essa é conclusão de um estudo publicado esta semana pelo periódico British Journal of Sports Medicine. Os resultados são baseados na análise de quase 5000 crianças inglesas quando tinham inicialmente 11 anos de idade e reavaliados aos 13 e depois aos 15-16 anos. O nível de atividade física foi medido por um aparelho chamado de acelerômetro que fica acoplado a um cinto elástico.

Os exercícios físicos praticados por adolescentes tem a capacidade de envolvê-los e liberar a “preguiça mental” que costuma atacar àqueles amigos da modorra. Jovens ativos encontram-se antenados com o mundo que os rodeiam, também socializam-nos e abrem sempre novas perspectivas relacionados à profissão ou mesmo a novos projetos educacionais e pessoais. Também tem a capacidade benéfica de mantê-los afastados das drogas, porque as suas rotinas são permeadas de atividades que ocupam a sua mente e cansam o seu corpo, não sobrando espaço para outras ações que fujam do seu foco primordial – os esportes.

Medina (2012), nos esclarece,

Atividade física pode ser definida como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso [...]. Mesmo apresentando alguns elementos em comum, a expressão Exercício Físico não deve ser utilizada com conotação idêntica a Atividade Física. É fato que tanto o Exercício Físico como a Atividade Física implica na realização de movimentos corporais produzidos pelos músculos esqueléticos que levam a um gasto energético, e, desde que a intensidade, a duração e a frequência dos movimentos apresentam algum progresso, ambos demonstram igual relação positiva com os índices de aptidão física. No entanto, Exercício Físico não é sinônimo de Atividade Física: o Exercício Físico é considerado uma subcategoria da Atividade Física.

E Medina (2012) continua nos explicando,

Por definição, Exercício Físico é toda Atividade Física planejada, estruturada e repetitiva que tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física, como exemplo, podemos citar uma caminhada de uma hora sem parar e com ritmo constante. Não obstante, em determinadas situações outras categorias da Atividade Física de nosso cotidiano podem, eventualmente, provocar adaptações positivas nos índices de aptidão física. No entanto, mesmo assim não devem se constituir como Exercício Físico (Idem).

E Medina (2012) finaliza a sua explanação,

É o caso de algumas ocupações profissionais, de tarefas domésticas específicas ou outras atividades do dia a dia que, pelo seu envolvimento quanto á demanda energética, podem repercutir favoravelmente na aptidão física. Igualmente, uma pessoa que torna seu tempo livre e as atividades destinadas ao lazer mais ativas fisicamente, deverá usufruir as vantagens quanto à aptidão física. Contudo, as dificuldades quanto ao seu planejamento, à sua estruturação e repetição as impedem de ser consideradas Exercício Físico.

Ao se analisar a rotina diária da dona de casa, o labor do operário, a queima calórica do jovem em busca de emprego, tudo favorecem na sua aptidão e execução das tarefas, e, mesmo havendo a repetição cotidianamente, permanecem fora da condição Exercício Físico, e sim como Atividades Laborais ou andanças, mas as calorias foram queimadas, o desgaste físico ocorreu, o corpo exercitou-se, portanto, muda-se o nome, porém o resultado final ocorreu – o organismo reagiu ao esforço sofrido, suou, cansou e as tarefas foram realizadas, através da atividade física.

ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO FÍSICO E EDUCAÇÃO FÍSICA

Podemos definir atividade física como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura, resultando num gasto energético (queima de calorias) acima dos níveis de repouso. Levando-se em conta as atividades ocupacionais do trabalho, as atividades corriqueiras da vivência diária como vestir-se, tomar banho, escovar os dentes, comer, etc, bem como o seu deslocamento para a escola, o clube, a noitada, e as atividades de lazer como: exercícios físicos, esportes, dança, luta livre, etc.
Seguindo a linha de raciocínio acima, podemos definir exercício físico como uma parte das atividades físicas, com aspectos de planejamento, estruturação e repetição, objetivando o desenvolvimento da condição física, suas habilidades motoras ou a reabilitação orgânica funcional, que abrangem atividades intensas ou não, tendo como foco principal o condicionamento físico como forma estética ou visando uma melhor saúde física e mental.
Para o tópico Educação Físicanas escolas ela é considerada como uma disciplina complementar, como se ela fosse menos importante do que Matemática, Química ou Língua Portuguesa, mas na realidade ela tem papel fundamental no desenvolvimento corporal e psicológico dos jovens. Devido a importância tal, a escola representa a ponte mediadora entre o jovem e a sociedade.

A ESCOLA COMO PAPEL MEDIADOR.

A escola torna-se a segunda sociedade em que o jovem participa, e também a que representa a sua fonte de conhecimento, maturação e canal decisório da sua profissão. Também é na escola que os seus grupos sociais se solidificam e o norteiam. Muitas vezes a escola propicia à criança e ao adolescente um ambiente mais ameno e tranquilo que em muitos lares, onde o descaso, conflitos familiares e desajustes financeiros geram traumas e instabilidades, bem como é na escola onde eles convivem com outros em idades similares e comportamentos afins, sendo, portanto, a escola o mediador entre a família e a sociedade, principalmente se utilizar métodos que sejam atrativos aos jovens, como, por exemplo, as atividades físicas.
Quando o lar é conflituoso, desajustado ou rígido, a escola funciona novamente como um fator mediador, agora entre a família e o adolescente, visto que, no ambiente escolar há outros jovens em idade similar, com linguagens corporais e comportamentais idênticos, propiciando uma válvula de escape para pressões e exigências, amenizando, portanto, os conflitos existentes.
Porém, quando o ambiente escolar não propicia o acolhimento condizente com as necessidades conflitantes do adolescente, ele sente-se acuado perante a tantas pressões, e muitas vezes procura uma válvula de escape, infelizmente nas drogas, em detrimento a toda orientação recebida até então, como uma forma de rebeldia ou atendendo a uma curiosidade natural da idade.
Outro fator observado é a necessidade imperativa que o adolescente possui de procurar destacar-se perante os seus pares, mostrando experiências e atitudes como forma de se destacar, mesmo ou principalmente quebrando paradigmas, como forma de se autoafirmar ou de “aparecer” perante seus colegas, mostrando seu destemor diante dos riscos.
Marques e Cruz (2000) relatam que entre os fatores que desencadeiam o uso de drogas pelos adolescentes, os mais importantes são as emoções e os sentimentos associados ao intenso sofrimento psíquico, como: depressão, culpa, ansiedade exagerada e baixa autoestima.
É nesse contexto onde a escola, na representação do professor, deverá incentivar o adolescente a conversar, expor os problemas existentes, incutindo-lhe a certeza do sigilo dessa conversa, visto que muitas vezes só o fato do adolescente desabafar sobre os problemas vivenciados já o alivia da tensão existente.
O educador pode contribuir também para prevenir o abuso de drogas entre seus alunos de duas formas básicas: incentivando a reflexão desses jovens, através de debates, feiras culturais, seminários e outros eventos sobre essa temática. Outra forma é na sala de aula, através de leituras de artigos sobre o tema, pesquisas, análise sobre situações análogas observados por eles, como forma de alerta e prevenção. (SENAD, 2013).
Outro fator importante a ser observado pelas escolas é a “política de vizinhança” nas proximidades: padarias, bares, bancas de jornal, lan house, e outros estabelecimentos que interagem com os alunos e pode, potencialmente, vender cigarros e bebidas. Pesquisas têm sugerido que há uma tendência da comunidade escolar em ignorar o contato com a vizinhança e deixar de lado aliados importantes na garantia da segurança, da saúde e da proteção de seus alunos. (SENAD, 2013).

Atividades físicas nas escolas

Conforme relata Papalia (2009), os exercícios, ou a falta deles, afetam tanto a saúde física quanto a saúde mental. A prática frequente de esportes melhora a força e a resistência, ajuda a construir ossos e músculos saudáveis, ajuda no controle de peso, reduz a ansiedade e o estresse e aumenta a autoestima, as notas na escola e o bem-estar. Diminui também a probabilidade de um adolescente participar de atividades que envolvam comportamentos arriscados, porque o seu corpo e a sua mente encontram-se envolvidos pelo esporte e laser.
Não significa que, se o adolescente praticar esportes não vá se envolver com drogas, porém o esporte propicia uma gama de atividades que direcionam o jovem a ter uma mente mais saudável, com atitudes construtivas, afastando-o do mundo das drogas. Nas atividades esportivas há campo social para a formação de amizades, planejamentos e objetivos.

O ambiente escolar, a prevenção e a participação dos adolescentes.

Diversas escolas têm adotado programas educativos com o objetivo de prevenção do uso indevido de drogas. Eles podem ser de grande ajuda aos jovens, sobretudo a partir do início da adolescência, desde que conduzidos de forma adequada. Informações mal colocadas podem aguçar a curiosidade dos jovens, levando-os a experimentar drogas. Mensagens amedrontadoras ou repressivas, além de não serem eficazes, podem até estimular o uso. (SILVEIRA, 1999, p. 27)

Como a adolescência é o período propício para a rebeldia misturado à curiosidade, faz-se necessário uma atenção toda especial para o tópico “prevenção às drogas”, abordando tal problemática de forma tranquila, mostrando claramente os malefícios advindos do uso e abuso de drogas, sem a temática da repressão abusiva. O adolescente deve ser levado à atitude do não uso das drogas pela sua própria percepção e decisão da escolha, incutindo-lhes a certeza de que o fato de não usar drogas demonstra maturidade pela escolha pessoal. A atitude da proibição, repressão, imposição só o aguçará mais ainda para o ato do uso de drogas.
Silveira (1999) alerta que nos programas de prevenção mais adequados, o uso de drogas deve ser discutido dentro de um contexto mais amplo de saúde. As drogas, a alimentação, os sentimentos, as emoções, os desejos, os ideais, ou seja, a qualidade de vida entendida como bem-estar físico, psíquico e social, são aspectos a serem abordados no sentido de levar o jovem a refletir sobre como viver de maneira saudável. Diálogos e esclarecimentos devem ser contextualizados como informação e não como repressão, para que façam parte da discussão, eliminando a dicotomia professor-aluno.
Cavazos (1989) analisou que os administradores de escolas e os professores, frequentemente, não têm ciência de que seus alunos estão usando drogas, muitas vezes nas dependências das escolas. O uso de drogas não se confina a jovens de certas áreas geográficas ou de determinadas condições econômicas. O uso de drogas afeta jovens na nação inteira; embora o tráfico de drogas seja controlado por adultos, a fonte imediata de drogas para a maioria dos estudantes são outros estudantes.
Mediante ao exposto, questiona-se: como proteger nossos jovens de inimigos ocultos pelo riso fácil, convivência diária e socialização dentro e fora da sala de aula? É devido à tamanha proximidade do adolescente com a droga (no seu comércio desenfreado) que se faz necessário um trabalho sério de prevenção, na forma correta, no tempo adequado.

O uso de drogas, frequentemente, avança por etapas – vai do uso ocasional ao uso regular, ao uso de drogas múltiplas e, finalmente, à dependência total. A cada etapa sucessiva, o uso de drogas intensifica-se, torna-se mais variado e resulta em efeitos debilitantes. A melhor maneira de combater o uso de drogas é começar os esforços de prevenção antes que as crianças comecem a usar drogas. Esforços de prevenção que se concentrem em crianças novas são o meio mais eficaz para o combate ao uso de drogas. (CAVAZO, 1989, p. 7).

Em qualquer ângulo analisado, sempre a prevenção é o método mais eficaz e indolor para a prevenção às drogas, porém, para tal, deverá haver um trabalho conjunto entre pais, escolas, municípios, estados, todos imbuídos no objetivo único de manter as crianças longe das drogas, porém cada dia mais falta vontade política, interesse dos pais ou energia aos professores, todos envoltos na estafante luta da sobrevivência, deixando à mercê dos aliciadores os nossos jovens.
Grego Filho (1989) enuncia que as medidas de combate devem visar os dois polos do uso indevido de drogas: a oferta e a procura. O traficante e o que possa tornar-se viciado; a facilidade da obtenção da droga e o narcômano em potencial. O combate, exatamente, usa a metodologia inversa dos que buscam incutir o vício, os quais procuram aumentar e facilitar a oferta e induzir a procura. Medidas preventivas são as mais importantes, porque visam evitar a implantação do vício e aplicam-se ao destinatário das drogas, isto é, à população em geral e ao fornecedor.  Quanto ao destinatário, as medidas preventivas devem ser educacionais e sociais.
Papalia (2009) esclarece que a qualidade de vida escolar influencia fortemente as conquistas dos alunos. Uma boa escola de ensino fundamental ou médio tem ambiente seguro, organizado, recursos materiais adequados, uma equipe estável de professores e um senso comunitário positivo. A cultura da escola é um fator importante que influencia a conduta dos professores e estimula a crença de que todos os alunos podem aprender.
Oferece também oportunidades para atividades extracurriculares, que mantém os estudantes engajados e evita que se envolvam em problemas depois da escola. Os adolescentes ficam mais satisfeitos com a escola se é permitido que participem da elaboração das regras, quando sentem o apoio dos professores. Envolver os adolescentes em atividades construtivas ou habilidades profissionais durante seu tempo livre pode trazer ganhos de longo alcance. A participação em atividades escolares extracurriculares tende a diminuir a desistência da escola e o envolvimento em situações e comportamentos ilícitos.
Se uma parte da totalidade dos estudantes contribuir com a ação, sentir-se útil porque colaborou com a elaboração e execução do projeto escolar, isto propicia uma grande integração do jovem com a escola, porque principalmente ele entende o convívio, os conflitos e os anseios dos adolescentes, é o seu mundo e a sua vivência. Se todas as escolas ouvissem os seus jovens, maior interação e menos evasão haveria, porque a escola precisa fazer parte do seu habitat natural.
O jovem precisa sentir a necessidade de “levar seu intelecto para passear na escola”, porque o passeio significa prazer e o prazer é o que norteia nossa mente, e desse passeio ganhar de brinde o saber, a capacidade cognitiva e a vontade de se questionar e questionar a sociedade, porque é nas perguntas, nos questionamentos que se amplia o conhecimento. É verdade também que todo o planejamento deverá ser acompanhado por adultos conscientes e competentes, para que a escola não se transforme somente em um campo lúdico de diversão. A dosagem certa para o ambiente certo – A escola como fonte de cultura.
Tavaresa, Beria e Lima (2001), em sua tese de Mestrado apresentada ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas RS, informa que

A imagem do usuário de drogas como alguém incapaz de funcionar adequadamente dentro da sociedade reflete, na realidade, o estágio final do problema, sendo difícil o reconhecimento em estágios iniciais. A identificação de sinais precoces de comportamento de dependência é altamente necessária para que a família e o setor escola e saúde possam tomar providências com maiores chances de sucesso.

Quanto mais cedo se trabalhar a prevenção primária (aquela que tem por objetivo esclarecimentos e apoio para que o jovem não venha a experimentar drogas), maior probabilidade do jovem não se deixar levar pelo papo envolvente do aliciador. A família captando precocemente esses sinais de alerta, possibilita que insira-se conceitos que nortearão os seus direcionamentos, afastando-os do envolvimento com as drogas e os possíveis problemas que tais práticas acarretam.
Tavaresa, Beria e Lima (2001), permanecem nos esclarecendo:

Tem-se a questão se a ausência à escola seria uma consequência do uso de drogas ou marcaria um comportamento de dificuldade em outras áreas, que incluiria ou culminaria com o uso de drogas. Independentemente do que tenha acontecido antes, no entanto, o absenteísmo atual à escola é um marcador de necessidade de intervenção. Dada a contemporaneidade desse fator, deve ser o indicador mais útil para a detecção e intervenção precoces em problemas de vida ou comportamentais entre escolares.

Ademais, quando o rendimento escolar encontra-se comprometido, é consequência de desvios, quer seja comportamentais ou emotivos, que encontram-se interferindo na qualidade do aprendizado e no desenvolvimento cognitivo. O aluno não sofre transformações tão bruscas sem um motivo plausível, motivado somente pelas transformações hormonais sofridas no decorrer da adolescência, mas sim motivados por interferências externas como problemas familiares, que a família sente e percebe, pois trata-se da sua realidade, ou são sequelas das drogas comprometendo de forma nociva as ações deste jovem.
Nas famílias em que acompanham mais amiúde o desenvolvimento adolescente dos filhos, os genitores percebem as modificações aparentes geralmente em uma fase precoce, e isto propícia uma ajuda e um tratamento na fase inicial (ou não muito adiantada) do usuário, porém quando a família é dispersa ou muito fechada no que condiz à liberdade de expressão, o jovem é, e permanece sendo, um adolescente fechado em casa (emotivamente), dificultando assim a aproximação com um adulto próximo que possa perceber, e ajudar esse adolescente, nos seus momentos críticos. E são esses bloqueios entre familiares que mais “empurram” os jovens em direção às drogas, pois buscam autoafirmação naquilo que o transforma e se adequa aos seus desejos, como tornar-se desinibido, autoconfiante e integrado com galeras não recomendáveis pelos parâmetros sociais.



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REFERÊNCIAS

CAVAZOS, Lauro F. Escolas sem drogas. 1. ed. São Paulo: Denarc, 1989.

GRECO FILHO, Vicente. Tóxicos. Prevenção – Repressão. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 1989.

MARQUES, Ana Cecília Petta Roselli; CRUZ, Marcelo S. Unidade de Dependência de Drogas do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (UDED/Unifesp). Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (NEPAD/UERJ) Acesso em 25/06/2013.

 

MEDINA, Fábio. Julho 9th, 2012 by Revista Pilates. Diferenças entre: Atividade Física, Exercício Físico e o Esporte. Disponível em <http://revistapilates.com.br/2012/07/09/diferencas-entre-atividade-fisica-exercicio-fisico-e-o-esporte/> Acesso em 27 Mar 2014.


PAPALIA, Diane E; OLDS, Sally Wendkos. FELDMAN, Ruth Duskin. O mundo da criança. Da infância à adolescência. 11. Ed. São Paulo: Mc Graw Hill, 2009.

Passos. Trabalho docente: características e especificidades. Disponível em ¸file:///C:/Users/aguidapc/Downloads/trabalho_docente.pdf Acesso em 17 Mar 2014. VER NOME COMPLETO DO AUTOR

Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD. Drogas: Cartilha para educadores. 2. ed. Brasília: 2013.
____________ SENAD. Drogas: Cartilha para pais de adolescentes. 2. ed. Brasília: 2013.
____________ SENAD. II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil 2005: Estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país. Brasília: 2007.
_____________ SENAD. Legislação e Políticas Públicas sobre Drogas no Brasil. 1. ed. Brasília: 2010.
_____________ SENAD. PECHANSKU, Flavio; DUARTE, Paulina do Carmo Arruda Vieira; DE BONI, Raquel Brandini (Organizadores). Uso de bebidas alcoólicas e outras drogas nas rodovias brasileiras e outros estudos. 1. ed. Brasília: 2010.

SILVEIRA, Dartiu Xavier e SILVEIRA, Evelyn Doering Xavier. Um guia para a família 1. ed. Brasília: Senad e UNDCP, 1999.

TAVARESA, Beatriz Franck, BÉRIAB, Jorge Umberto e LIMA, Maurício Silva. Prevalência do uso de drogas e desempenho escolar entre adolescentes. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rsp/v35n2/4399.pdf>. Acesso em 24 Fev 2014.

TAVARESA, Beatriz Franck; BÉRIAB, Jorge Umberto; LIMA, Maurício Silva. Ver. Saúde Pública 2004; 38(6):787-96. Fatores associados ao uso de drogas entre adolescentes escolares. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v38n6/06.pdf> Acesso em 17 Mar 2014.


TEIXEIRA, Dr Ricardo. Duas horas por dia de atividade física é o tanto que o cérebro do adolescente prefere. Disponível em <http://consciencianodiaadia.com/2013/12/04/duas-horas-por-dia-de-atividade-fisica-e-o-tanto-que-o-cerebro-do-adolescente-prefere/> Acesso em 17 Mar 2014.